2015-05-08
Texto: Tony Costa
Tendo em consideração as novidades que apareceram na feira deste ano na NAB, que decorreu em Las Vegas, pode concluir-se que a febre das grandes invenções e novas apresentações dos últimos anos que este tipo de eventos nos costumam brindar, está numa fase de ligeiro desvanecimento.
Há, de facto, novos equipamentos desta ou daquela marca, como não podia deixar de ser, mas a apresentação de um equipamento ou técnica que se possa considerar de revolucionária, pondo em cheque a filosofia seguida nos últimos anos, tal não aconteceu, excepção feita ao sistema de ligações IP (Internet Protocol) que virá substituir a curto prazo o SDI (Serial Digital Interface), e ao ACES proposto pela AMPAS (Academy of Motion Picture Arts and Sciencies), sobre o qual me irei debruçar mais adiante.
A revolução do Digital, que nos tem habituado nestes últimos 10 anos a viver sempre em sobressalto, com o lançamento constante de novas máquinas e tecnologias, está neste momento a estabilizar na zona da resolução 4K, tanto no campo da captação como no tratamento da imagem.
Há quem pretenda ir ainda mais longe, mas, na verdade, se formos realistas o 4K é um formato que parece ser, à priori, ser suficiente em contraste com a capacidade de visão humana.
Mas, pode-se ir mais longe, tal como tem feito a Sony, RED, BlackMagic, Panasonic e outras, como a ARRI que apresentou pela 1ª vez nos EUA a sua nova câmara Alexa 65mm, assim como a novíssima mini-Alexa, a qual foi lançada nesta edição da NAB.
Mas, para quê ir mais longe quando se está a ganhar?
Este poderia ser o lema da ARRI, com a grande conquistadora do mercado cinematográfico mundial a Alexa, a qual ao ser lançada em 2010 apresentava apenas a resolução 2K, contudo ano após ano a sua evolução tem sido evidente, passando pela Alexa Plus, Alexa Plus 4:3, Alexa M e Alexa XT (2013), sendo dado o salto para resoluções superiores em 2014 com a Arri 65mm (sensor 65 mm) de 6K.
ACES
A par de outras revelações de menor peso, houve uma que foi revolucionária, não tendo havido, contudo, a devida atenção entre nós. Estou a referir-me ao novo sistema de codificação e controlo de cor denominado ACES (Academy Color Encoding System), que pretende em breve ser uma norma internacional, representando tal facto algo de extraordinário para quem faz da Direcção de Fotografia a sua Arte.
Este novo sistema traz uma nova perspectiva para o Director de Fotografia, dando-lhe confiança e garantia de que a sua imagem não será destruída nas várias fases de pós-produção, já que o mesmo permite manter consistência de início ao fim, preservando-se toda a escala de altas luzes, sombras, cores e todo o contraste pretendido originalmente.
O ACES tem a capacidade de manter todos os padrões originais de exposição de um modo independente do tipo (marca ou modelo) de câmara utilizada ou do software que venha a ser usado na pós-produção.
Como vai funcionar?
Como tudo parece indicar, o ACES irá ser um sistema standard a nível mundial, estando prevista a sua implementação num futuro próximo. Todas as câmaras e softwares de correcção de cor terão um sistema, o IDT (Input Device Transform), o qual depois de ser feita a filmagem, sem se entrar em conta com a marca ou modelo de câmara utilizada, restabelece todos os padrões de captura independentemente do algoritmo utilizado originalmente.
Daqui resulta a grande capacidade do sistema de codificação ACES que quase torna o sistema com uma capacidade infinita no domínio da exposição nas altas e baixas luzes, sobretudo na Dinâmica de cor.