Texto: Carlos A Henriques
O aparecimento da fotografia digital no dia a dia das nossas vidas, não só a nível de câmaras fotográficas desenvolvidas para tirar fotografias, mas também de outros equipamentos electrónicos móveis como os telefones celulares, os iPads e demais pequenas maravilhas tecnológicas, transportaram-nos para uma nova realidade, ou seja, tiram-se actualmente mais fotografias em dois dias do que as tiradas em todo o mundo desde que o francês Joseph Nicéphore Niépce produziu a 1ª fotografia em 1826 até ao ano 2000.
A facilidade com que se consegue obter uma fotografia digital, associada à qualidade e ao custo envolvido, criou uma comunidade mais alargada de captadores e armazenadores de imagens, contudo, a carecerem de uma disciplina mais rigorosa no que respeita à catalogação, arquivamento e disponibilização, caso contrário entrar-se-á no domínio de um autêntico caos, que o mesmo é dizer:
“Muito material registado, mas sem qualquer utilidade quando dele se necessita”.
As Selfies
O arranque da segunda década do século XXI, levado pelo avanço tecnológico até então verificado, a que se associou a utilização em grande escala dos citados equipamentos portáteis de uso universal, trouxe como grande novidade as chamadas “auto-fotografias”, ou, em termos mais internacionais, as famosas “selfies”.
Raros são os acontecimentos em que não se recorre ao acto de se tirar a si próprio ou ao grupo de momento, uma fotografia para mais tarde recordar, “batendo-se” duas ou três não vá a coisa correr mal e perder-se, definitivamente, a oportunidade de tal registo.
Em termos históricos a designação selfie surgiu pela primeira vez em 2002 num fórum online australiano, tendo sido considerada pelo Oxford English Dictionary a palavra internacional do ano 2013 e está entre as dez mais votadas pela Porto Editora respeitante ao ano de 2014.
Vídeo Selfies
A disponibilização generalizada do 4K nos telemóveis a curto prazo irá criar uma nova cultura audiovisual como alternativa à já verificada nos dias de hoje, tanto em Inglaterra como nos EUA, ou seja, à da disponibilização em grandes espaços públicos como nas salas de Cinema de grandes espectáculos ao vivo do tipo concertos música ligeira, ópera ou desporto, só que agora a captação deixará de ser feita por equipas profissionais e equipamento ultra-sofisticado e passará a ser do domínio do cidadão comum, prevendo-se, no limite, 2017 como ano de concretização.
A Câmara Usada Como Relógio de Pulso
A Intel lançou um concurso internacional, o MIW (Make It Wearable), com o objectivo de serem apresentados projectos virados paras as tecnologias a serem usadas como parte integrante do vestuário dos seus utilizadores, tendo o mesmo sido ganho pela Nixie, uma câmara instalada a bordo de um drone, sendo o conjunto usado normalmente como se uma bracelete de um relógio de pulso se tratasse, tendo sido a ideia original a de ser um par de óculos com as mesmas características.
Basta um gesto da parte do utilizador para que o drone abandone o pulso e tome uma posição ideal para enquadrar a acção do seu utilizador, seja ela qual for, ou captar imagens de acordo com as orientações recebidas, regressando ao pulso do seu “dono” após o registo ou envio das imagens captadas, tanto fotográficas como de vídeo.
A ideia adjacente a este projecto Nixie consiste na libertação por parte do utilizador do sistema de ter que sacar da câmara ou telemóvel do bolso, ligar a alimentação, enquadrar e passar ao registo ou ao envio, tal como acontece actualmente, e deixar essa tarefa para o equipamento, pois há situações em que a disponibilidade manual não existe o que não permite a necessária captação, voltando esta ao pulso quando a tarefa for concluída.
Para já pode funcionar em três modos, a saber:
1º - “Boomerang mode”, no qual o drone voa a uma distância fixa do utilizador, tira a foto ou regista o vídeo e regressa de imediato ao pulso deste;
2º - “Panorama mode”, sendo o resultado final a obtenção de fotografias ou vídeos
com um arco de captação de 360°;
3º - “Follow me mode”, em que para além da captação de imagens do seu utilizador pode ainda fazer das suas graças e captar algo que esteja a acontecer em torno do mesmo;
4º - “Hover mode”, sendo o conjunto transformado numa autêntica grua, reflectindo os planos obtidos essa condição.
O conjunto Nixie pode também ser empregue em operações de busca e salvamento, em eventos desportivos, concertos, ou, apenas, para a captação de uma foto selfie ou vídeo selfie, podendo recorrer-se, para o efeito, a um smartphone e uma app desenvolvida para o efeito, passando a totalidade dos comandos para os dedos do utilizador do telemóvel.
A Nixie está ainda na fase de protótipo, contudo, de acordo com a equipa da Stanford University, que a está a desenvolver, respectivamente Christoph Kohstall, Jelena Jovanovic e Michael Neidermayr, 2015 poderá ser o ano do seu lançamento no mercado, contudo há ainda muitos aspectos na prestação do conjunto a carecerem melhorias. Dado que o valor do prémio ganho pelo projecto foi de 500.000U$D, será de prever que o mesmo terá a sua versão final a curto prazo.
Aguardemos!