2016-04-14
Texto: Carlos A Henriques
A interação com as imagens e sons que se apresentam em qualquer sistema audiovisual, em especial na Televisão, Cinema e no mundo dos jogos virtuais, tem sido um tema de profundas discussões ao longo das últimas décadas.
Agora, com as imagens a 360°, a VR (Virtual Reality), a AR (Augmented Reality), o 3D e o som, no mínimo com a característica 5.1, estamos cada vez mais próximo da reprodução real de cenas em que a imersão é total, estando, finalmente, o comando destas nas mãos o utilizado.
A era do chamado ponto de vista do Realizador materializado pelo Operador de Câmara tem os dias contados, dado que dentro de um espaço temporal muito curto as novas câmaras 360° vão invadir o mercado em todos os segmentos, desde o ultra profissional ao mais simples e despretensioso fazedor de imagens domésticas.
A juntar a esta autêntica revolução há que se entrar em consideração com os drones, outro elemento a entrar em jogo, cujo teste de ferro vai ser feito na próxima edição do Tour de France, o que vai permitir ao comum telespectador optar pelo virar da imagem para o ponto que mais se desejar, não tendo que aguardar pela opção tomada pelo “Repórter de Imagem”, neste caso inexistente, uma vez poder rodar o ponto de vista a seu gosto.
No desporto e nos eventos de grande afluência pública, como os concertos, em termos gerais, vai ser a grande aplicação deste tipo de tecnologias, podendo as opções disponibilizadas aos telespectadores e mesmo até aos espectadores que se encontram no local do acontecimento, irem mais longe através da disponibilização nos seus equipamentos móveis, ou seja, telemóveis e iPads, da grande maioria das câmaras que estão a fazer a cobertura do evento, podendo estes optar pela câmara que acharem mais conveniente, sendo possível fazer-se o replay à velocidade normal ou em slow motion de uma determinada jogada.
Toda esta tecnologia já existe, que o mesmo é dizer, não estamos a fazer futurologia, sendo a aplicada à disponibilização em equipamentos móveis da responsabilidade de técnicos portugueses, estando a mesma já disponível em Portugal e no Mundo.
Num futuro próximo, quando os organismos internacionais do desporto chegarem a acordo sobre o recurso às novas tecnologias como ajuda às decisões dos árbitros envolvidos, as câmaras 360°, de reduzidas dimensões e peso muito baixo, vão entrar numa roda viva, sendo possível a cada espectador ter o ponto de vista do juiz da partida, assim como o que se passa à sua volta.
Para o árbitro os ângulos mortos serão reduzidos drasticamente uma vez na repetição ser possível visionar o espaço onde a falta se verificou, assim como tudo o envolvimento a que esta conduziu.
A realidade virtual e a realidade aumentada são duas áreas ainda na fase de busca de grandes soluções, contudo já com grande implantação no mundo dos jogos, sendo a Oculus Rift uma das mais avançadas marcas neste domínio, em especial com o último modelo de óculos apresentado no recente evento Mobile 2016, em Barcelona.
No que diz respeito a trabalhos na área da ficção estas duas tecnologias e a visão 360° estão cada vez mais a atrair o grande público, pois passa a ser possível um tour escolhido pelo utilizador dentro do cenário onde se está a desenrolar uma determinada cena, podendo este enveredar, por exemplo, por uma sala contígua à da cena, deslocando-se o som em conformidade com o avanço ou recuo relativamente ao cenário onde o filme se desenrola.
No sentido de cativar as audiências no segmento jovem a BBC está a investir cerca de 100.000 libras no projeto “Taster Platform”, enquanto a VINCE está numa fase de lançar filmes com estas características a curto prazo, assim como a Google e a Microsoft, esta última com a sua “HoloLens Platform”.
É o despertar do maravilhoso mundo novo.