A Moda Que Pegou
2016-02-23
Texto: Carlos A Henriques
A necessidade de “copiar” a Rádio em termos de rapidez, eficiência e custo no relato de acontecimentos do dia-a-dia levou as Estações de Televisão de todo o mundo a optarem pelo recurso a telemóveis simples e operados pelo próprio Jornalista. Quem diria que a BBC, símbolo máximo do rigor técnico e jornalístico, viria a editar normas para os seus correspondentes a serem religiosamente respeitadas quando estes têm que recorrer às selfies vídeo. A Sky News seguiu as pisadas.
Longe estão os dias em que o simples ato de captação de um depoimento de um treinador de futebol, político ou outro, envolvia uma equipa de 6 profissionais, a saber:
- Jornalista
- Operador de Câmara, atual Repórter de Imagem
- Assistente de Imagem
- Operador de Som
- Operador de Iluminação
- Motorista
Naquele tempo o suporte de imagem era baseado em película de 16mm, o que implicava, à partida, a impossibilidade de uma transmissão em direto, assim como a necessidade da revelação do filme para posterior edição, diferindo a transmissão das imagens por um período nunca inferior a uma hora após chegada aos estúdios da respectiva equipa, isto partindo-se do princípio que a estação emissora de Televisão tinha laboratório próprio para o respectivo tratamento.
A entrada em campo das ENG’s (Electronic News Gathering - Busca electrónica de notícias), em meados dos anos 70’ do século passado, veio alterar toda a situação anteriormente descrita.
Numa primeira fase a função de Motorista passou para a responsabilidade do Assistente de Imagem, a do Operador de Iluminação foi atribuída à gambiarra que passou a equipar as novas câmaras electrónicas e a de Operador de Som pela gravado associado à câmara.
A evolução tecnológica não parou tendo-se passado do conjunto Câmara + Gravador, o qual fazia a interligação dos dois equipamentos através de um cabo de vídeo, para as máquinas monobloco, as tradicionais camcorders, o que veio implicar a dispensa do Assistente de Imagem/Motorista, passando a equipa a ser constituída por apenas dois elementos, que o mesmo é dizer, Jornalista e Repórter de Imagem, passando este último a exercer, também a função de Motorista.
Entretanto entrámos na era dos telemóveis inteligentes e nas redes de alto débito e velocidade (3 e 4G), o que implicou na maioria dos casos a dispensa dos feixes hertzianos ou o up-link do satélite, para o caso de um direto, recorrendo-se, numa primeira fase, a uma mochila onde se instalavam de 4 a 8 cartões de diferentes Operadoras e na fase atual a uma pequena unidade, os famosos Teradek’s, na qual se faz a inserção até 8 cartões.
Agora começa a entrar, lentamente, a ideia da dispensa do Repórter de Imagem, cabendo ao Jornalista a totalidade das funções, ou seja, recorrendo a um suporte extensível de telemóvel basta fazer o auto-enquadramento, estabelecer a ligação telefónica e já está, no “ar” e com um mínimo de qualidade que dá para, em casos limite, para já, salvar a situação de um direto que de outro modo não era viável.
É que o mundo televisivo global está a aderir a estes novos ventos de mudança.