2018-09-15
Texto: Carlos A Henriques
No espaço Big Screen, a melhor sala de Cinema da Europa durante a ocorrência da IBC, o dia foi dedicado ao Cinema havendo temas para todos os gostos, desde a imagem até ao som, cujas histórias foram contadas na primeira pessoa pelos técnicos diretamente envolvidos.
Projeção Cinematográfica Digital a LASER
A passagem da projeção tradicional baseada em película para digital acarretou uma enorme transformação a todos os níveis, nomeadamente na escolha do tipo de fonte de luz a ser usada, a qual deveria respeitar determinados requisitos. De início avançou-se para as lâmpadas Xénon a que se seguiu a projeção LASER Phosphor. Contudo, apesar de se obter uma qualidade superior à obtida nos “velhos” projetores, o aparecimento do 4K e de seguida o HDR(High Dynamic Range), obrigou a pensar em métodos alternativos, o que veio a concretizar-se em 2015 com os projetores baseados nas fontes denominadas RGB Pure LASER.
A comparação espectral entre os três sistemas fala por si, razão que levou os donos das salas de Cinema a optarem, definitivamente, apenas pelo LASER como meio de garantir com a necessária fidelidade o empenhamento do Diretor de Fotografia.
Segundo nossa opinião, contrariamente ao que foi defendido na Conferência, o próprio HDR evoluiu ao ponto de o brilho máximo nas zonas das altas luzes o LASER não chegar sequer aos 250 Nit’s, e já estamos a exagerar no valor apresentado, enquanto nos novos ecrãs electrónicos, aqueles que vão “matar” a projeção cinematográfica por volta de 2022, tal como provam as mais de 200 salas já instaladas em todo o mundo, os quais atingem sem qualquer dificuldade os 1.000Nit’s. No que respeita às zonas de baixas luzes a comparação entre sistemas não é possível ser feita dado que os ecrãs electrónicos conseguem ter a capacidade de discriminação de múltiplos negros.
ARRI Alexa LF
A empresa alemã faz questão de todos os anos apresentar no espaço Big Sceen as grandes novidades da Exposição, convidando para o efeito profissionais das várias áreas contempladas.
Dado que este ano não havia nada em grande para ser apresentado a empresa resolveu destacar a prestação da Alexa LF ao longo dos últimos tempos na indústria cinematográfica, sendo enorme a lista de filmes em que participou com a sua brutal tecnologia, tendo sido convidado o Diretor de Fotografia Matias Boucard, o qual fez uma série de Documentários com este modelo ARRI, entre os quais Lisboa foi tema.
Para ficarmos um pouco mais por dentro da prestação da Alexa LF fomos visitar o stand da marca, o qual, como sempre acontece, estava bem recheado com toda a artilharia ARRI a marcar presença, com especial destaque para os vários modelos de câmaras assim como dos múltiplos modelos de projetores de iluminação.
Incredibles 2
Para abrir o apetite da sessão de Cinema ao fim da tarde, na qual foi feita a projeção do filme de animação “Incredibles 2”, a PIXAR, através de Dominic Glynn, desmistificou um pouco todo o processo de rodagem deste extraordinário filme, tendo-nos confidenciado que um filme com esta envergadura só foi possível ser executado graças ao recurso ao processamento equivalente a 80 mil computadores.
Os backgrounds de algumas cenas sucedem-se a uma velocidade vertiginosa, sendo estes constituídos por edifícios tipo arranha céus de uma grande cidade, cuja envolvência é indiscritível.
As características técnicas do filme “obrigam”, para se obter o que de melhor este apresenta, a uma projeção Dolby Vision 4K e som Dolby Atmos, tendo a Dolby Labs equipado devidamente a sala Big Screen.
Os Drones no Cinema
Um outro tema discutido foi o recurso, cada vez mais acentuado, aos Drones como meio mais eficaz, rápido e barato na rodagem de filmes que vão do pequeno ao muito elevado orçamento.
A estabilidade alcançada, assim como a autonomia, o custo, o espaço temporal consumido e a possibilidade de comando à distância não só da navegação mas também dos próprios enquadramentos a serem feitos pela câmara a bordo.
Foram visionados uma série de exemplos de aplicação realizados pela empresa HBO, havendo um em que foi feita a comparação entre a prestação dos Drones e a dos helicópteros a que se seguiu uma mesa redonda, tendo a mesma concluído pela indispensabilidade desta nova ferramenta, apesar de algumas limitações como, por exemplo, no acompanhamento de viaturas a grande velocidade.
Um bom exemplo de aplicação está presente na série “Game of Thrones”.
The Story of Edit: Star Wars
O último tema do dia a ser debatido ficou a dever-se à já nomeada para um ÓSCAR da Academia Americana de Cinema Maryann Brandon(DGA, ACE), a editora do filme Star Wars IX a qual partilhou o palco com Matt Feury(AVIDDirector Marketing and Artist Relations).
Foi feito o visionamento de um excerto do filme a partir do qual a Editora fez uma série de considerações sobre a dificuldade da edição de um filme com esta envergadura, nomeadamente no convencimento do Realizador e Diretor de Fotografia para alterar partes da planificação feita para que a história se possa desenvolver dentro do pretendido.
Foi uma sessão muito interessante, na qual aprendemos técnicas de persuasão tão necessárias para quem tem que lidar com ideias pré-definidas e certezas contra as quais nada há a acrescentar.
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