2018-05-07
Texto: Carlos A Henriques
A União Europeia de Radiodifusão (EBU-European Brodcasting Union), é um Organismo que congrega as Estações Públicas de Rádio e Televisão da Europa, Israel e Norte de África, com 73 Membros e 56 Países, a que se devem juntar mais 33 Membros Associados da Ásia, África, Austrália e Américas, a qual organiza desde 1955 um Festival conhecido mundialmente pela designação de Eurovision Song Contest.
O chamado Host Broadcast, ou seja, o país responsável pelo acolhimento do Festival, é escolhido de acordo com a melhor classificação do ano anterior, que o mesmo é dizer, pelo vencedor da última edição, após este aceitar os requisitos desta superprodução, que é em termos mundiais uma das mais importantes, só ultrapassada em número de telespectadores pelas finais do Mundial de Futebol, Europeu de Futebol e Champions League, ou seja, é uma grande aposta no campo da visibilidade do país e da cidade envolvida, no turismo que propicia no momento e no futuro, assim como um grande orgulho e estímulo para os Profissionais envolvidos.
Na qualidade de quadro superior reformado da RTP fomos convidados, assim como outros membros na mesma situação, a uma visita muito especial ao centro nevrálgico onde toda esta operação se desenrola, sendo grande a nossa espectativa do que iríamos encontrar, pois durante décadas alimentámos a esperança, enquanto activos, em participarmos em algo do mesmo género.
A equipa visitante
A opinião generalizada foi a de que tudo o que pudéssemos imaginar foi grandemente ultrapassado, isto em todos os aspectos, com especial relevo para o profissionalismo de todos os colaboradores envolvidos, mais de mil, dos quais 400 voluntários, um staff EBU com cerca de 900 elementos e a participação da RTP com largas dezenas.
Com o lema: “All Aboard! Eurovision Song Contest Lisbon 2018”, lá embarcamos, em ano de comemorações do 20º Aniversário da tão acalorada Expo 98, para uma visita que começou logo na entrada no recinto por nos causar uma agradável sensação de segurança, sendo o espaço envolvente do Altice Arena, local onde decorre toda esta operação, considerada como a mais segura do País face ao esquema montado, tendo todos os elementos, visitantes ou outros, que se sujeitar a uma inspeção do tipo verificado nos aeroportos com raios X e tudo.
A escolha e Lisboa, assim como o local para a realização do Festival teve que responder a alguns requisitos fundamentais:
A entrada de colaboradores, participantes, imprensa, convidados e visitantes faz-se pela “Pala Siza Vieira”, ex-Pavilhão Português da Expo 98, agora a comemorar os 20 anos de realização, recorrendo-se, para efeitos de segurança a todo o equipamento necessário para o efeito, sendo este do mesmo tipo do utilizado nos aeroportos.
O primeiro espaço a ser visitado foi o colossal Centro de Imprensa, nas instalações do ex-Pavilhão de Portugal, estando este preparado para albergar até 2.000 Jornalistas provenientes de todo o Mundo, dispondo estes de todo o apoio logístico, desde refeições a acessos de todo o tipo no que respeita a comunicações.
São ocupados dois grandes espaços contíguos, dispondo-se de dois mega-ecrãs para visionamento dos ensaios para tomada de notas e elaboração das peças para os órgão de comunicação dos vários países credenciados.
Vista parcial do Centro de Imprensa
Numa enorme tenda com mais de 500 cadeiras disponíveis encontramos o local onde diariamente se fazem as necessárias Conferências de Imprensa, as fotos aos intervenientes após os respectivos ensaios, os quais duram o dia todo, assim como as chamadas transmissões unilaterais, ou seja, as entrevistas/envios para um determinado País.
Tenda para as Conferências de Imprensa
Eis que chega a vez de visitarmos o palco onde toda esta azafama tem origem, que o mesmo é dizer, onde, de facto, o Festival vai decorrer em termos artísticos
O cenário não recorre, tal como tem acontecido nas últimas edições, a ecrãs de pequenas e grandes dimensões, mas apenas a cenografia e objectos conhecidos em gíria por “teatrais”, que o mesmo é dizer, a “LUZ e Adereços”, o que torna em termos de mudança de cena algo parecido com o que se passa numa peça de teatro representada em palco, havendo apenas os espaço temporal de 35+5 segundos entre canções.
Durante o período de ensaios o espaço da plateia que mais tarde irá ser ocupado por cadeiras, é agora o local onde se encontra toda a panóplia de equipamentos de imagem, som e luz, o que permite aos técnicos e à direcção TV um contacto mais directo com os intervenientes, embora as grandes decisões sejam tomadas nos dois carros de exterior onde se encontra a régie final.
Plano próximo do palco e respectivo cenário
O background do cenário é constituído por uma série de placas de madeira cuja posição vertical se altera de acordo com o desenvolvimento do espectáculo, evocando as mesmas as ondas do mar em manifesta referencia ao tema da Expo 98, ou seja, aos Oceanos.
Peça importante deste evento é o local onde todas as decisões artísticas/televisivas são tomadas, ou seja, a chamada Régie de Emissão, constituída, por questões de segurança, por dois carros de exterior, sendo um o espelho do outro, pois no caso de avaria técnica não há o risco de se verificar falha na transmissão.
Carros de exterior montados em “espelho”
Na chamada “Régie de Produção”, ou seja, no local onde se sentam os Realizadores, neste caso 3, vão “bater” as imagens provenientes das 19 câmaras disponíveis, algumas robotizadas, outras com operação humana, as quais vão ser misturadas de acordo com o conceito da realização numa sequência já várias vezes ensaiada e memorizada num sistema de automação apelidado de “CuePilot”, o qual será o “responsável” pela sequenciação das câmaras no acto de transmissão, podendo o sistema passar em qualquer momento a manual, que o mesmo é dizer, a ser actuado por acção humana.
Régie de Produção com o CuePilot em 1º plano à esquerda da imagem
Pela importância cada vez maior do sistema CuePilot, o qual não é mais do que a tradicional timeline, tão conhecida dos sistemas de edição-não-linear, o mesmo irá ser tratado numa peça a elaborar futuramente, destacando-se, para o efeito, tanto o seu modo de funcionamento como as particularidades envolvidas.
Ecrã touch do CuePilot
Como final de visita fomos recebidos pelo Produtor Executivo do Festival, o português João Nuno Nogueira, tendo este fornecido toda uma série de dados que envolvem esta importante transmissão, assim como a experiência vivida desde que o projecto arrancou desde a vitória da canção “Amar Pelos Dois” interpretada por Salvador Sobral.
João Nuno Nogueira e José Manuel Franco Dias (Director Técnico RTP aposentado)
Aguardemos, então, por este grande espectáculo televisivo, que envolverá para o grande público três espectáculos em directo, concretamente duas semi-finais (8 e 10 de Maio) e a final (12 de Maio), tendo havido, ainda, mais seis espectáculos que serviram de ensaios gerais, tal como o “Family Night” e o “Jury Night”.
As múltiplas imagens a misturar
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