2018-04-12
Texto: Carlos A Henriques
A Televisão Pública Japonesa, a NHK, há muito que anda a desenvolver, concretamente desde 1995, e a demonstrar nos grandes eventos, desde 2006, um sistema de Televisão de resolução muito elevada a que deu o nome de Ultra Hi-Vision. O mundo ocidental deu-lhe de início a designação 8K, mas com a entrada do Cinema em jogo houve necessidade de estabelecer-se, em termos de norma técnica, a respectiva diferenciação.
Em Televisão os valores são: 7.680 (H)x4.320 (V)=33.177.600 pixéis, e uma relação de aspecto de 16:9, enquanto para o Cinema: 8.192 (H)x4.320(V)=35.389.440 pixéis com uma relação de aspecto 17:9.
Comparação de resoluções
Face aos valores exageradamente elevados em todos os aspectos, em especial do bit rate necessário para a sua transmissão televisiva, adoptámos desde sempre a postura de que esta resolução, desenvolvida no Japão, era algo que os Japoneses iam adorar mas que o resto do mundo, com especial destaque para os países ocidentais, iriam ficar numa primeira fase pelo Full HD [1.920(H)x1080 (V)]=2.073.600 pixéis, e, numa fase mais avançada na UHD-I (“4K”), ou seja, na Ultra-High Definition I [3.840(H)x2.160(V)]=8.294.400 pixéis.
Com as indicações dadas em Setembro durante a última IBC (Amesterdão) e agora na NAB 2018, começamos a ficar convencidos, cada vez mais, que possivelmente a UHD-II vai passar as fronteiras japonesas e invadir o resto do mundo, contribuindo para tal facto o desenvolvimento e fabricação de televisores com esta resolução na China, com um custo previsto muito abaixo das espectativas inicialmente criadas.
Entretanto, com a entrada do Cinema nesta “contenda”, e a adopção dos ecrãs electrónicos pelo mesmo, a vida dos projectores está definitivamente condenada.
Stand da NHK
Durante a ocorrência da NAB 2018 fomos confrontados com uma experiência única e algo paradoxal, ou seja, assistimos à demonstração do novo ecrã electrónico da Sony, baseado em cristais, o CLED (Crystal Light Emitting Diode) de 4.000nits de brilho, do qual já nos referimos numa outra Crónica, e de seguida assistimos na sala de visionamento da NHK a uma demonstração da UHD-II, só que o sistema utilizado recorreu a um projector cujo brilho máximo das imagens não ultrapassava os 150 nits. Apesar de as imagens apresentadas neste 2º visionamento serem espectaculares e visionadas numa tela gigante, as mesmas criaram nos participantes, comparativamente ao ecrã electrónico, um efeito estranho e sem o esplendor das demonstrações dos anos anteriores.
Ecrã electrónico da Sony (CLED)
Aproveitando o facto de termos estado no stand da NHK fomos assistir, também, à demonstração da nova câmara UHD-II, a qual apresenta um frame rate de 240fps, conferindo o mesmo uma maior imunidade ao flicker, tornando as cenas onde há movimento uma maior suavidade.
Nova c�mara NHK de 240fps
A Sony também apresentou pela primeira vez nos EUA uma câmara UHD-II, a mesma que apreciámos durante a IBC do ano passado, ou seja, a já testada UHC-8.300 na cobertura do Carnaval do Rio de Janeiro deste ano, sendo o resultado algo de difícil descrição.
Câmara UHC-8.300 da Sony
A marca japonesa Ikegami há anos que anda a desenvolver sucessivos modelos de câmaras de UHD-II, cuja proposta apresentada na NAB deste ano coloca-a ao mais alto nível neste segmento.
Câmara UHD-II da IKEGAMI
A SHARP, outra marca japonesa, fez também o gosto ao dedo e lançou-se no desenvolvimento de câmaras de resolução ultra contemplando os visitantes com um modelo muito friendly para os Operadores de Câmara, dadas as suas dimensões e peso, podendo a mesma ser operada ao ombro.
O vídeo reproduzido no stand da SHARP sobre uma operação cardíaca, registada em UHD-II, é no mínimo arrepiante, estando a mesma a ser usada em sistemas de segurança, dado poder ser colocada a grandes distâncias do alvo a captar, preservando-se, deste modo, a sua presença em eventos de alto risco.
Câmara UHD-II portátil da SHARP
O ano passado durante a ocorrência da NAB a Canon monstrou num espaço fora do seu stand e devidamente concebido para a demonstração pretendida de um protótipo de câmara UHD-II, a qual reunia à partida as condições óptimas para uma boa prestação, bastando apenas a necessidade de redução das suas dimensões, as quais eram exageradamente elevadas. Vejamos se em Setembro, durante a IBC, a Canon irá conseguir as tão desejadas prestações.
O protótipo da Canon
Entretanto, a 1 de Dezembro deste ano, a NHK arranca com um canal UHD-II com emissões regulares 24/7, acabada a fase de emissões experimentais, tendo em vista a cobertura integral, nesta resolução, dos próximos Jogos Olímpicos que terão Tóquio como cidade anfitriã no ano de 2020.
Do exposto fácil será concluir que a UHD-II (“8K”) veio mesmo para ficar.
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