2017-09-18
Texto e fotos: Hugo Gomes
Quando entramos no IBC somos imediatamente absorvidos por um ambiente vibrante em que todos anseiam por ver aquilo que na maioria das vezes apenas chega através da internet, revistas ou catálogos, mas o IBC é mais do que ver máquinas é a personificação do “networking”.
Falando em networking todos falam e mostram a possibilidade de ambientes de colaboração e partilha de projectos, ficheiros na nuvem, e, exemplo disso é a Adobe que durante todas as apresentações mostrou como é fácil a sem complicações e hardware caríssimo para que equipas possam trabalhar em conjunto no mesmo projecto.
“Nice to meet you!!!…”
Ter a possibilidade de conhecer algumas pessoas que considerava inacessíveis e que respondem a questões com simplicidade e humildade e sem medos de partilhar conhecimento tal como Vinnie Hobbs nomeado e vencedor várias vezes do MTV VMA para melhor montagem apresentou a forma orgânica como trabalha no processo de pós-produção e a facilidade como isso acontece com a nova possibilidade de ter vários projectos abertos e timelines e toda a interacção com o After Effects e partilha com outros editores que vivem noutras cidades ou países e salientou a importância da colaboração nos seus vários projectos com artistas de efeitos visuais e a relação com o cliente e realizador.
Stand Adobe
Após a apresentação falámos 5 minutos sobre a partilha de ficheiros e a forma fácil como é disponibilizar media em baixa resolução e ter vários editores ao mesmo tempo.
Entre apresentações da Adobe passei pela Blackmagic para ver as Ursa Mini Pro 4.6K e o Davinci Resolve que prometem dominar o mercado não apenas pelo preço mas pela qualidade e versatilidade, mas fiquei mesmo agradado com o novo slot de SSD para a Ursa Mini Pro que estará disponível em poucas semanas… veremos…
Stand Blackmagic
A enorme surpresa foi a Portuguesa MOG que está com produtos muito inovadores e que já conquistaram a confiança da comunidade audiovisual europeia, um deles a destacar é a câmara 360 VR e a grande qualidade de encoding e decoding algo que são verdadeiramente bons.
Para quem não conhece fique atento pois estão muito bem posicionados.
Tive uma conversa muito agradável com o Hélder Gentil sobre a forma como os programadores da MOG desenvolvem como base no Motor de Video Jogos e a facilidade como trabalham a codificação e descodificação de media.
Entretanto voltei para o stand da Adobe pois as novidades são imensas e não queria perder nenhuma, mas o mais inspirador foi o Philip Grossman que mostrou a sua paixão e dedicação a um projecto documental sobre Chernobyl algo que o tirou fora da sua zona de conforto pois para quem não o conhece é director de desenvolvimento na empresa Imagine que está a dar cartas no universo do armazenamento e gestão de media e todo o tipo de soluções para televisão.
Sinceramente passei o tempo de boca aberta e nem uma fotografia fiz, fiquei muito inspirado e com vontade de me dedicar mais aos documentários.
Salientou a importância de ter aplicações como o Lightroom, Prelude, Photoshop, Premiere e After Effects disponíveis na suíte Creative Cloud, muito porque armazenou e organizou milhares de fotografias e imensas horas de vídeo em vários codec’s porque gravou em vários períodos e com câmaras diferentes.
Acredite que não estou a ser pago pela Adobe pois após o fim do Final Cut 7 tal como todos os editores procurei mudar para a Adobe mas rapidamente fui para o FC PRO X e entretanto este mês já subscrevi o Creative Cloud pois estão a posicionar-se de uma forma muito interessante e como sempre muito aberta, quase todos os fabricantes são parceiros e desenvolvem em conjunto e não ficam em ilhas repletas de equipamentos caríssimos e barulhentos apenas para pessoas ricas ou estações de TV que por enquanto podem gastar dinheiro, atenção que continuo a considerar que a Avid tem as melhores ferramentas de edição e atalhos, apenas precisam de ouvir mais os editores, no entanto há que salientar que o novo Media Composer First vai permitir uma aproximação dos novos editores e estudantes ao software que considero que devia ser obrigatório nas Universidades e Escolas Profissionais, não apenas pela história da Avid mas muito porque é de certa forma o EDITOR.
Logo ao lado da Adobe e Blackmagic estava o stand do pioneiro de pós-produção não linear Avid, quando questionei se tinham o mesmo tipo de partilha da Adobe responderam apenas ser possível ambiente colaborativo com os típicos servidores que já todos conhecemos, ou seja, tal como a SAM (ex-Quantel) precisam de acordar para uma realidade diferente em que a pós-produção começa na rodagem e onde a maioria dos editores trabalham onde é possível tudo porque:
“Agora é notícia e amanhã é história”
Continuo sem entender o que a Avid fez com a tecnologia Liquid que adquiriram à antiga Pinnacle Systems que permitia vários editores trabalharem em simultâneo apenas com rede e discos sem qualquer tipo de complexidade, fica a questão que provavelmente nunca terá resposta e fará a comunidade audiovisual pensar que há tecnologia nova que já funcionava há mais de 10 anos atrás.
Após ser consumido pela área que mais gosto lá fui fazer um passeio pelas câmaras, objectivas, iluminação o que pelo meio encontrei soluções muito interessantes tais como a nova PTZ Camera da NewTek que comunica apenas por cabo de rede e tem funcionalidades únicas além disso este novo sistema NDI pode fazer a comunicação directa entre o Adobe Premiere ou After Effects num Tricaster como uma fonte de vídeo apenas usando protocolo de rede de uma máquina para outra, imaginem enviar uma peça de informação directamente do Premiere sem passar por um servidor que custa anos de trabalho??
Além disso, e muito mais, também mostraram como podem ter chamadas Skype numa emissão tudo via IP e enviar o retorno de emissão para quem está na chamada Skype. Não imaginaria em 1994, quando comecei, que hoje pudéssemos trabalhar apenas com um cabo de rede e que viríamos a substituir um cabo de câmara com 25 pinos e que as câmaras podem ser super pequenas e com resolução 8 ou 10 vezes superior
Robert Wadge - BBC
Antes de sair da IBC e voltar a Portugal tive que dedicar a manhã ao Futuro e no pavilhão 8 aí estavam o VR, 360°, hologramas e a equipa de desenvolvimento da BBC que muito bem me recebeu e conversei algum tempo com Robert Wadge que mostrou como ligam por IP quatro estúdios em diferentes localizações geográficas, recordei em 2011 quando visitei o IBC pela última vez e já nessa altura a Cinegy anunciava o fim do SDI e a importância do IP em todas as infraestruturas.
No final passei pelo gigante Sony que mostrou a nova RX0, Venice que encostou a Arri contra a parede pois o desenvolvimento foi, sem dúvida alguma, fantástico.
Sony RX0
Mas como estou numa fase de andar nas nuvens tive uma conversa muito agradável com Michael Potts sobre o Cloud CI e a forma rápida e fácil de enviar proxys para a plataforma dedicada algo que a Sony já nos habituou, mas que poderemos enviar depois para qualquer outro software de montagem e continuar o processo, o mais interessante é a facilidade como enviamos proxys de uma câmara, fazemos uma primeira montagem o que pode ser interessante para interagirmos com os Jornalistas que rapidamente e em qualquer dispositivo móvel fazer um visionamento dos conteúdos que em simultâneo poderá estar a ser importado em alta resolução no nosso software de montagem preferido e interligado a EDL’s que criamos através da plataforma CI.
Surpresa foi o Gigante Chinês Huawei estar também na corrida da partilha de vídeo e processos de colaboração algo que acompanharei e ficarei atento ao crescimento.
Ou seja, este ano estaremos a andar ainda mais nas nuvens e a repensar todos os nossos métodos de trabalho, o que para mim, em particular, que viajo imenso poderei estar sempre disponível para projectos através de uma simples partilha de proxys ou timelines.
Poderia partilhar imenso sobre o IBC mas o mais importante é saber que o que fazemos é para as pessoas e a minha esperança é que não façamos deste mundo algo robótico e sem emoções.
Se contamos histórias é porque existem pessoas que nos podem ensinar todos os dias que há mais mundo para além do virtual.
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