2017-10-30
Texto: Eduardo Canela Lopes
No dia 29 de janeiro de 1975 tinha comigo uma câmara super 8, emprestada por amigos mais “clássicos” da secção não profissional do Cineclube do Porto, para filmar um trabalho de ficção a preto e branco com o Realizador Artur Villares e outros antigos colegas do liceu Alexandre Herculano no Porto.
Quando soube do incêndio e explosão do superpetroleiro Jacob Maersk, junto ao porto de Leixões, fui comprar uma cassete de filme super 8, a cores, com a duração de 3 minutos (os amadores, como eu, com pouco dinheiro, filmavam com uma cadência de 18 fotogramas por segundo) e fui tentar registar tudo o que estava a acontecer em 15 metros de filme, sem áudio.
Passado cerca de uma semana, foi o momento emocionante de ver a bobina, enviada pelo laboratório no estrangeiro.
Conclusão aterradora, o filme não contava a história toda.
Comprei mais uma cassete e fui até ao Castelo do Queijo, em Matosinhos, à procura do meio e fim do filme.
Encontrei bombeiros a limparem as rochas do crude derramado e na praia, o cadáver de um tripulante − o jovem Operador de Câmara, de 18 anos, tentou filmar sem tremer muito.
Passados 42 anos, descobri os “scanners HD” para converterem filmes super 8; 9,5 e 16mm a digital e com a ajuda de software de edição, remontei o velhinho e riscado filme e acrescentei música, como se fazia antigamente na pista magnética colada na margem do filme.