O “Parente” Necessário
2015-02-19
Texto: Fernando Salgado
O Cinema “nasceu” em Paris
Os irmãos Lumière, Auguste e Louis, fizeram, a 28 de Dezembro de 1895, a 1ª projecção – “A saída da fábrica Lumière em Lyon”. O filme tinha a duração de apenas 46 segundos.
Dois anos depois, Georges Meliès, abriu o 1º estúdio de cinema, o qual tinha a característica de as paredes serem em vidro, o que permitia jogar com a luz solar ao longo do dia nas cenas a captar, dado que naquele tempo longe estava ainda a invenção dos projectores de iluminação.
O Som chegou ao cinema em 1920
Até aí os filmes não passavam de uma arte visual, os espectadores tinham de ficar a ouvir o ruído do projector. Talvez alguns conseguissem imaginar o ambiente sonoro das cenas projectadas….
Para dar um outro ambiente algumas salas passaram a ter um pianista e, em alguns grandes teatros, até mesmo uma orquestra completa.
Alguns filmes incluíam as partituras das músicas que deveriam ser tocadas. Muitas eram originais compostos para esse fim.
Avanços Técnicos
A tecnologia que permitiu gravar e reproduzir sons apareceu nos anos 20 do século XX e a adesão foi tal que em 1930 já quase não se produziam os chamados “filmes mudos”.
No início a banda sonora só continha a música. Depois, aos poucos, foram introduzindo algum som ambiente que não implicava qualquer sincronismo com as imagens.
A explicação de algumas cenas continuava a ser feita utilizando quadros de texto.
Em 1926 a Warner Brothers, com a tecnologia da Western Electric, apresentou o Vitaphone (sound-on-disc), um sistema de gravação/reprodução de som para cinema. O som era gravado em discos a 33 1/3 rpm, tendo sido este sistema o precursor do LP (Long Playing) que foi adoptado pela indústria discográfica.
Depois, quando da projecção, o som era sincronizado utilizando a técnica de marcas físicas no filme e no disco. Para que o processo funcionasse o Vitaphone e as câmaras (na rodagem) e o projector (na projecção) tinham motores síncronos alimentados pela mesma fonte de energia.
O Vitaphone foi utilizado pela primeira vez no filme “Dom Juan” (1926). Nele registaram a banda musical e alguns efeitos sonoros. Ainda não foi desta que a voz apareceu.
O Verdadeiro Cinema Sonoro
A 6 de Outubro de 1927 a Warner Bros., recorrendo ao sistema Vitaphone, estreou o primeiro filme com voz síncrona (só nas 6 canções), com o musical “The Jazz Singer”, do Realizador Alan Crosland, com Al Jolson no papel de cantor. Foi um grande êxito de bilheteira.
Por seu lado a Fox Film Corporation, ainda em 1927, apresentou uma versão do seu primeiro filme com som síncrono, apenas para a música e ambientes, o “Sunrise: A song of Two Humans”, o qual viria a ganhar três estatuetas em 1929, na primeira edição dos Oscars da Academia Americana de Cinema, sendo estas respeitantes ao “Melhor Filme”, à “Melhor Fotografia” e “Melhor Actriz” .
Para tal a Fox utilizou o seu sistema, o Movietone Sound System (sound-on-film), o qual convertia o som em luz modelada que era impressa no filme ao lado da imagem (pista de som óptico). Com este sistema era garantido um sincronismo permanente e perfeito.
Som Sintetizado
A tecnologia digital trouxe um sem número de sistemas de gravação, suporte, edição e reprodução (sem esquecer o sincronismo) ao mundo do “som no cinema”.
A maestria de alguns apaixonados pela electrónica e pela arte sonora proporcionou a utilização de “novos” sons nas bandas sonoras de muitos filmes.
A BBC mostra-nos no vídeo que se segue, a introdução dos sons sintetizados na pós-produção cinematográfica.