FRED ASTAIRE DANÇA COM ELLEANOR POWELL
O Cinema sonoro (1927-“The Jazz Singer”) e as experiências de John L. Baird na Televisão mecânica, marcaram um período frenético no desenvolvimento tecnológico dos meios audiovisuais, só comparável com o estágio actual, o qual nos dá, todos os dias, novas e aliciantes soluções em nome do nosso bem estar.
O arranque das emissões regulares da Televisão na Europa e EUA, em meados dos anos 30 do século XX, à época a preto-e-branco, possibilitou o registo de autênticas pérolas que felizmente o tempo não menosprezou, graças ao único processo de registo então disponibilizado, ou seja, o filme, dado que o registo de vídeo com suporte próprio, só em 1956 teve uma resposta adequada, graças ao desenvolvimento então realizado pela empresa americana Ampex Corporation.
Os televisores de então, baseados em tubos de raios catódicos (TRC/CRT), por estranho que nos possa agora parecer, eram redondos ou, em alternativa, ovais, pois estes tubos de imagem mais não eram do que o desenvolvimento dos dispositivos de visualização usados então nos radares, elemento fundamental na detecção da presença do inimigo, cuja aplicação na IIª Guerra Mundial foi determinante para o desfecho da mesma.
Havia, à época, a ideia de que a Televisão, ainda a dar os seus primeiros passos, não era mais do que a Rádio com imagens, daí o aspecto exterior dos televisores com as peças de controlo em tudo idêntico aos bonitos móveis/rádios que se comercializavam na altura.
Contudo, cedo a Televisão retirou a preponderância à Rádio, passando esta a ser o meio de comunicação social por excelência, tanto na área da informação como na do entretenimento, dando azo à criação do conceito de Aldeia Global, o qual só surgiu devidamente explicado e caracterizado em 1962 (“The Gutenberg Galaxy: The Making of Typographic Man”) e 1964 (“Understanding Media”) pela letra do escritor Marshal McLuhan.
A partir de determinado momento a Televisão passou a ser uma janela aberta ao Mundo onde estamos inseridos, pois é através dela que importamos tudo o que respeita à informação, ao desporto, ao grande espectáculo, assim como à cultura, à ciência, e até ao próprio comércio (televendas).
Mas, para além das grandes vantagens trazidas pela Televisão, há que contar, também, com os aspectos menos positivos que a mesma nos trouxe, como é o caso dos padrões ditos de consumo, onde se podem apontar a música, os valores (sexo, família e amizade), a “ditadura” da moda, a alimentação, as dietas e a “beautiful life”.
Como em tudo na vida, o que se faz em excesso vira dependência, tal como o álcool e as drogas, tornando-se a Televisão um motivo ou quase razão de existência para uma elevada quantidade de telespectadores viciados.
É esquisito, mas é sem quaisquer razões para dúvidas, real a ocupação que o televisor faz/fez no espaço familiar, tornando-se centro de interesse do mesmo, deixando para trás, sem contemplações, o chamado convívio familiar tradicional.
Pesando os prós e os contras, é nossa convicção que a existência da Televisão convencional, tal como existe hoje, não tem qualquer viabilidade, dado que as actuais audiências não estão receptivas à ideia de telespectador passivo, passando as emissões a disponibilizar soluções do tipo interactivo e de intervenção em tempo real, ou seja, o “novo” telespectador quer ver um certo programa, a uma determinada hora por si eleita, recorrendo a meios móveis, como, p.ex., o iPad, o qual ocupa nos telespectadores americanos e europeus uma quota que ronda, para já, os 40%, na chamada opção “second screen”.
Retornando ao período de arranque da Televisão, com o objectivo da tratar estatisticamente aquela época, nos EUA existiam, em dez estados, 16 estações de Televisão, isto entre 1928 e 1939, todas em regime experimental, sem qualquer estatuto comercial, sendo a primeira a dar o pontapé de saída a W2XB (1928), a qual pertencia à General Electric e emitia de New York, cujas imagens apresentavam uma resolução de 24 linhas (sistema mecânico) a uma cadência de 15 imagens por segundo, em alternativa ao sistema electrónico desenvolvido pela EMI e adoptado pela BBC (sistema Emitron).
Para ilustrar estes pequenas maravilhas socorremo-nos do grande Fred Astaire (1899-1987), o qual para além de dançarino e actor de Cinema, fez 31 filmes musicais, foi actor de teatro (Broadway), tendo sido, também, Coreógrafo e Cantor e parceiro da Actriz cinematográfica e dançarina Eleanor Torrey Powell (1912-1982) numa transmissão televisiva de 1940.
Os “bons velhos tempos da Televisão”!