Imagem de Sara Leal
Representar Bem Em Toda a Tela
Texto: Carlos A Henriques
Texto originalmente publicado na revista digital Colorize News
Para além de ter sido meu Amigo, Nicolau Breyner foi ator (Teatro, Cinema e Televisão), Guionista (Televisão e Cinema), Realizador e Produtor (Televisão e Cinema), Cantor (Lírico e Ligeiro), Apresentador (Televisão) e amava a vida e distribuía profissionalismo, saber e compreensão.
A sua enorme capacidade de comunicação conduziu à nossa amizade nascida numa situação conflituosa durante a gravação de um dos episódios do Eu Show Nico (1980) no qual havia uma rábula em que o Nico em palco tinha uma acalorada discussão, lado-a-lado, com o Nicolau, ele mesmo, este último projetado numa tela. A citada conflitualidade tinha a ver no modo como a cena era captada, para a qual chamei a atenção dos responsáveis para o melhor desempenho. Se não fosse uma ideia do Nicolau que me aconselhou uma metodologia de convencimento infalível para quem não tinha tempo para me ouvir, não se teria, de certeza, chegado a bom porto pretendido.
Origens
Nascido a 30 de Julho de 1940 na cidade alentejana de Serpa, João Nicolau de Melo Breyner Lopes, filho de Nicolau Moreira Lopes (1915-1965) e de Augusta Pereira da Silva de Melo Breyner Pereira (1920-2003).
Foi casado com Mafalda Maria de Alpoim Vieira Barbosa, com a atriz Sofia Sá de Bandeira (1966 a 2001), viveu em regime de comunhão de facto com Cláudia Fidalgo Ramos, filha do Realizador e Encenador Artur Ramos, do qual teve duas filhas, respetivamente a Mariana e a Constança. Casou pela terceira vez, em 2006, com Mafalda Gomes de Amorim Bessa.
Na sua ligação familiar há ainda a destacar o fato de ser primo da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen.
Quando se mudou para Lisboa fez parte do coro da Juventude Musical Portuguesa na sua passagem pelo Liceu Camões, a que se seguiu o seu ingresso na Faculdade de Direito de Lisboa, cujo curso não concluiu, ficando de lado a ideia de uma carreira diplomática, dada a sua preferência pelo Curso de Canto e mais tarde pelo Curso de Teatro, cursos concluídos com sucesso no então Conservatório Nacional de Música, Teatro e Cinema.
Teatro
O palco foi pisado pela primeira vez em 1959, ainda estudante do Conservatório e a convite do seu Professor Francisco Ribeiro (Ribeirinho), na peça Leonor Telles (Teatro da Trindade-Lisboa).
Apesar do pequeno papel desempenhado, os produtores teatrais de então facilmente concluíram que estavam perante um fino topázio na fase de ser polido e lançado num mundo que aguardava as suas prestações, vindo a contracenar com grandes nomes como Laura Alves, Paulo Renato, Ribeirinho, Raul Solnado, entre outros.
Em 2005 interpretou o monólogo Esta Noite Choveu Prata, um original de Pedro Bloch, cuja produção foi da responsabilidade de Sérgio de Azevedo.
Cena do filme "Ilha dos Cães"
Cinema
O grande ecrã foi uma das suas paixões, tanto como Ator assim como Realizador, tendo na primeira qualidade participado em mais de cinquenta filmes, com especial destaque para Os Gatos Não Têm Vertigens (António-Pedro Vasconcelos-2014), Comboio Noturno Para Lisboa (Bille August-2013), com Jeremy Irons como protagonista, A Arte de Roubar (Leonel Vieira-2008) com Ivo Canelas, O Crime do Padre Amaro (Carlos Coelho da Silva-2005), Inferno (Joaquim Leitão-1999), Um Campista Em Apuros (Herlander Peyroteo-1968), e no filme de estreia A Raça (Augusto Fraga-1961), enquanto na segunda o destaque para Contrato (2009), A Teia do Gelo (2012) e para a sua última realização que foi 7 Pecados Rurais (2013).
Televisão
A lista dos programas em que participou como ator, cantor e/ou apresentador é de tal dimensão que nos leva a fazer apenas alguns sublinhados naqueles que o marcaram mais.
É exemplo Nicolau no País das Maravilhas (1975), Eu Show Nico (1980 e 1988), a novela Vila Faia (1982), Gente Fina É Outra Coisa (1983), última aparição da atriz Amélia Rey Colaço, Os Homens da Segurança (1988), Festival RTP da Canção (Apresentador-1994 e intérprete em 1968 da canção Pouco Mais), A Ferreirinha(2004), Quando os Lobos Uivam (2006), Equador (TVI-2008), Jardins Proibidos (TVI-2014) e A Impostora (A estrear na TVI-2016).
No programa Eu Show Nico, uma produção Edipim, foi feita uma sátira às novelas brasileiras numa suposta mini-novela de nome Moita Carrasco. Esta foi a semente para a Edipim, já em instalações próprias, lançar em 1982 a primeira telenovela portuguesa, Vila Faia, na qual Nicolau Breyner desempenhou o papel principal encarnando a figura do ex-pugilista/motorista de camiões João Godunha e co-autor do guião com Francisco Nicholson.
Ainda em Televisão, foi o responsdios vocacionados para telenovelas
os conclude de Direitoe Musical Portugusa do Cinema. destaque para conosco ável pela criação da NBP (Nicolau Breyner Produções), empresa com estúdios próprios com vocação para a produção de telenovelas, a qual, deu origem mais tarde à Plural Entertainment, empresa do grupo Media Capital.
Prémios
Na qualidade de ator recebeu três Globos de Ouro pelo desempenho nos filmes Os Imortais, de António-Pedro Vasconcelos (2003), Kiss Me, de António da Cunha Telles (2004) e O Milagre Segundo Salomé de Mário Barroso (2004).
No Festróia -Tróia International Film Festival de 2008 foi-lhe atribuído o Golfinho de Ouro como modo de reconhecimento da sua carreira ao serviço do Cinema.
Em 2010 foi a vez de ganhar o Troféu TV7Dias na qualidade de Melhor Ator em Papel Principal, graças à sua interpretação na telenovela Meu Amor (2009), tendo ganho o Prémio de Carreira da TV7Dias em 2011, e, em 2014, o Prémio Áquila de Melhor Realizador pela realização do filme 7 Pecados Mortais (2013).
A novela Meu Amor (TVI), onde participou como ator, foi a grande vencedora do Emmy Internacional (2010).
O “Político”
Em 1995 deu uma volta completa ao seu modo de estar na vida através da candidatura, pelas fileiras do CDS-PP, ao cargo de Presidente da Câmara Municipal de Serpa. O resultado foi negativo para Nicolau, tendo assumido as funções de vereador, contudo para os seus admiradores foi um óptimo resultado pois puderam continuar a usufruir das suas grandes capacidades enquanto artista multifacetado.
Em 2013 foi candidato à Assembleia Municipal de Sintra pelo SIM (Movimento de Independentes de Sintra).
As Aulas de Representação
Uma das suas facetas marcantes residia no prazer e intuição para o ensino, tendo participado em múltiplas ações de formação, conferências e workshops de representação.
Condecorações
Em 2005, na presidência do Dr. Jorge Sampaio, foi agraciado com a Comenda do Grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito.
Lema de Vida
"Viver e deixar viver"