Apresentação
A amizade partilhada entre o Autor e o Biografado remonta aos anos em que o primeiro, em período de serviço militar obrigatório, precisamente 1972 e seguintes, fazia umas “horitas”, pagas a 20$00 cada (cerca de 10 cêntimos em Euros actuais), como técnico de manutenção no extinto Clube Radiofónico de Portugal, em Lisboa, onde Nunes Forte já dava o seu melhor, rumo a uma intensa e longa actividade.
O prazer e simultaneamente a “obrigação” de apresentar, por ocasião dos 50 Anos de Vida Profissional de Nunes Forte, uma espécie de biografia daquele que tem sido para o nós uma figura de relevo no Audiovisual português, tanto pelo seu profissionalismo, honestidade e competência como pela disponibilidade constante nos bons e maus momentos.
Origens
Nascido na Venda do Pinheiro, a 13 de Março de 1944, tendo recebido o nome de Evaristo António Gonçalves Nunes Forte (Evaristo para a família e Forte para os amigos), local onde tem passado e dedicado grande parte da sua vida, em especial a sua infância e agora na qualidade de reformado com mais tempo disponível para apreciar as maravilhas da sua terra, assim como participar activamente e tudo o que diga respeito à ajuda aos outros através da promoção, organização ou presença em espectáculos e em todo o tipo de actividade que possa promover as gentes da sua terra, como acontece com a gestão de duas activas WebTV.
À pergunta:
“O que queres ser quando fores grande”
a resposta era, inequivocamente:
“Músico ou Pintor”
Com o andar dos tempos graças a muita leitura que fazia por gosto, jornais, revistas e livros de aventura como o Cavaleiro Andante, Titã, entre outros, acabou por nascer uma outra paixão, ou seja, a de vir um dia a ser Actor.
É que ao entrar na escola onde acabou por fazer a 4ª classe, teve uma Professora, de nome Júlia Barros, a qual já tinha ensinado a ler, escrever e a contar ao seu Pai Alfredo e aos seus tios Joaquim e Sabino, exclamou perante o modo correcto como este já lia e “interpretava” os diálogos das histórias fazendo as múltiplas vozes em “cena”:
“Ó rapaz, a leres assim, ainda vais parar ao Teatro. Talvez qualquer dia façamos a peça "A Rainha Santa " onde há um bom papel para ti”
Nunca chegou a saber qual o papel que lhe estaria destinado na tal peça escolar, pois esta nunca se concretizou, mas a ideia de fazer Teatro a partir daquele momento não mais o abandonou, até porque entretanto assistiu a dois factos que o marcaram bastante, ou seja, a filmagem de algumas cenas do filme "Dois Dias no Paraíso" e mais tarde o arranque da “Televisão em Portugal”.
Após conclusão da instrução primária os seus pais muda-se para Lisboa e com essa mudança cresceu a convicção de na grande cidade vir a ter a oportunidade de fazer Teatro.
Desse tempo, recorda-se Nunes Forte, do dia em que rumou a Lisboa de uma frase de seu Pai:
“Vamos para Lisboa mas é para estudares e trabalhares numa profissão a sério pois isso de ser actor é muito bonito, é muito bonito, mas não te garante um emprego para toda a vida"
Remata:
“É que naqueles tempos havia, de facto, empregos para toda a vida”
Tendo determinado seu Pai:
“Vais ser serralheiro mecânico, que é uma profissão de futuro!”
Foi então como aprendiz de serralheiro para uma oficina do seu tio, António Teixeira, no Bairro S. Miguel, e meses depois com o mesmo estatuto para a Mocar, representante da Alfa Romeo e da Peugeot em Portugal, tendo-se matriculado no Curso nocturno de Serralheiro Mecânico na Escola Industrial Machado de Castro.
Com o andar dos tempos conseguiu negociar com o seu pai:
“Prometo manter as boas notas e continuar na profissão séria se nos meus tempos livres me deixar fazer Teatro!”
Pelo que após alguma ponderação, o Pai acabou por concordar:
“Pronto está bem, faz lá o que quiseres nos tempos livres, desde que não falhes na Escola, nem faltes no trabalho”
Prometeu e cumpriu, apesar de algumas directas por causa do Teatro e da Rádio que já andava por ali a borbulhar, tendo mesmo conseguido figurar no "Quadro de Honra" na Machado de Castro como resultado de muita aplicação, para que não houvesse problemas lá em casa e pudesse seguir os seus sonhos.
O Teatro
Na Escola através da amizade que estabeleceu com Santos Teixeira, colega de turma, verificou que comungavam do mesmo sonho artístico, pelo que este o convidou a estabelecer contacto com uma Companhia de Teatro Amador, na qual estava integrado e ia levar à cena, no Cine-Teatro de Alverca, a Revista “Tá bem....Dêxa”.
Não era bem aquilo que procurava, até porque não tinha, segundo o próprio, aptidões para cantar nem para dançar, mas tudo se arranjou, assim como o necessário nome artístico que passou a ser, até hoje, Nunes Forte.
A partir dali não mais parou, inicialmente como amador com representações em Alverca, Loures e Lisboa, destacando-se a peça “O Cavalinho Azul”, na qual foi o protagonista, representada no Teatro Monumental, com encenação da Dra. Maria Barroso, num espectáculo do Colégio Moderno, contudo, após alguma experiência acumulada eis que surgem algumas oportunidades no campo profissional, nomeadamente na Companhia de Teatro do Gerifalto, no Teatro Trindade, tendo algumas das peças ali representadas sido motivo de transmissão televisiva em directo através da RTP, das quais salientamos “O Valente Gondalim”, “A Princesa Que Guardava Patos”, “O Gato das Botas”, entre outras.
Ainda no Trindade, mas agora inserido na Companhia Nacional de Teatro, é a vez da sua participação na peça “O Jogo das Trapaças”. Entretanto, no Teatro Monumental, pela mão de Vasco Morgado (pai), entrou na peça “Heidi”.
As Fotonovelas
Na juventude de Nunes Forte o seu querer pela representação conduziu-o aos “Folhetins Radiofónicos”, muito em voga na época, assim como às chamadas fotonovelas em revistas da especialidade.
Cristina Cassola sua colega nestas aventuras de representação radiofónica acompanhou-o como protagonista na colecção “Idílio” na fotonovela “Louco Por Ti”, na qual reflectia um pouco a paixão obsessiva que curtia na vida real pelo actor Paulo Renato, homem mais velho a cuja paixão não correspondeu.
A Rádio
O amor pela arte de comunicar através da voz tem sido outra das vertentes na vida de Nunes Forte, destacando-se em múltiplas facetas como a de Locutor, Produtor, Realizador e Coordenador Geral, tendo trabalho em quase todas as Estações de Rádio de referência como a Rádio Ribatejo, Emissores Associados de Lisboa (Rádio Graça, Rádio Peninsular, Rádio Voz de Lisboa e Clube Radiofónico de Portugal), Alfabeta, Emissora Nacional, Rádio Renascença e RDP (Antena 1 e RDP Internacional), destacando-se os programas:
“Coisas e Loisas”
“Comboio das Seis e Meia”
“Alerta Está”
“1-8-0”
“Estúdio Livre”
“Turismo dos Anos 80”
“Liga dos Amigos da Rádio Renascença”
“Tudo Pode Acontecer”
“Feira da Vida”
“A Orquestra da RDP Convida”
Participaram neste último programa grandes figuras do fado e das canções como, por exemplo, Milú, Maria de Lurdes Resende, Amália Rodrigues e outras vedetas numa listagem interminável.
Fez também teatro radiofónico, assim como exerceu a função de Repórter em Angola, Moçambique e Guiné e as coberturas dos Festivais da Eurovisão que se realizaram em Brighton, Luxemburgo e Haia, tendo estado também presente no Festival de S. Remo em Itália, tendo sido correspondente em 1974/5 de um programa de portugueses na América, o qual foi credenciado pelas Nações Unidas.
Foi proprietário de um estúdio privado de Rádio, com instalações na Praça da Alegria, em Lisboa, tendo produzido múltiplos programas para a RDP, Emissores Associados de Lisboa e ainda para a Rádio Renascença.
Em 1997 foi Adjunto de Direcção da Rádio Voz de Almada e da Alfabeta-Rádio e Publicidade Lda., tendo tido a sua própria agência de Publicidade, a que deu o nome de “Nunes Forte - Publicidade Lda.”, na qual produziu programas de Rádio, espectáculos e spots de Rádio como os da Trinaranjus, Laranjina C e Cidade do Infantado (Arnaldo Dias Construções), entre outros.
No Mundo do Áudio
A sua costela de actor conduziu-o, agora com a prática adquirida na Rádio, a uma nova vertente da sua actividade, ou seja, foi intérprete de Histórias Infantis, as mesmas histórias que Odete de Saint-Maurice (1918-1993) escreveu, cujo registo foi passado ao suporte disco de vinilo.
Numa Comissão de Serviço da RDP junto da Imavox, foi Produtor discográfico de Música Portuguesa, tendo recolhido para o efeito material muito valioso na Região Autónoma da Madeira e em vários pontos do País, destacando-se para o efeito as participações de Rodrigo, Cidália Moreira e Ercília Costa.
As dobragens fizeram, também, parte da sua actividade, indo o destaque nas que participou na RTP, no chamado período de arranque, com o “Diário das Fábulas” entre outras.
Entre 1997 e 1998 foi Director dos Estúdios Matinha Som, SA, os quais foram os estúdios pioneiros de dobragem de filmes de fundo do circuito comercial do Cinema, como aconteceu com “Anastácia”, estreado em Março de 1998, cuja mistura final foi acompanhada por Nunes Forte em Paris.
Foram dobrados, ainda, durante a sua direcção, séries para Televisão, como “Timon e Pumba”, “Clássicos Disney”, isto só para citar os mais conhecidos.
Ainda no campo das dobragens participou como intérprete na versão portuguesa do filme de animação “Rock-a-Doodle”.
O Cinema
Sendo Nunes Forte um grande apreciador da 7ª Arte, o mesmo não perdeu a oportunidade de dar a sua prestação à mesma, numa primeira experiência como figurante com apenas 13 anos de idade num filme do Realizador Arthur Duarte, concretamente “Dois Dias no Paraíso”, com a grande Milú, Virgílio Teixeira, António Silva, Costinha e Artur Agostinho, numa cena rodada no Largo de Santo António, na Venda do Pinheiro, local onde durante muitos anos se realizaram as famosas festas e feiras de S. Martinho.
O filme, produzido pela Lisboa Filme, estreou-se, em Lisboa, nos cinemas Eden e Alvalade a 6 de Setembro de 1957.
Em “Passagem de Nível” (1965), de Américo Leite Rosa, com Madalena Iglésias e Virgílio Ferreira dá-se a segunda participação num filme, de novo como figurante,
O seu aparecimento em fitas portuguesas como figurante fez-se notar ainda no filme “O Destino Marca a Hora” (1970), de Henrique Campos, com o cantor Tony de Matos, Isabel de Castro e Anabela.
Contudo, foi protagonista de um filme experimental, “Jogos Perigosos”, no qual fez também de Realizador e Editor, tendo tido o seu Amigo António Sala a função de Operador de Câmara.
A ideia foi ultrapassar a dificuldade que havia na época em se poder exercitar as técnicas cinematográficas, pois à data as escolas não existiam e o custo do equipamento necessário não estava ao alcance de qualquer um, pelo que a ajuda de António Sala com as suas máquinas foi fundamental para este projecto que teve uma duração original de 30 minutos. Esta nova versão para além da inclusão da voz off de António Sala foi feita uma remontagem que reduziu a duração a apenas alguns minutos.
A Televisão
O aparecimento da Televisão em Portugal em 1956, com emissões experimentais na antiga Feira Popular de Lisboa, no espaço actualmente ocupado pelo Museu de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Palhavã e o arranque das emissões regulares, já em estúdios definitivos na Alameda das Linhas de Torres ao Lumiar.
A morar à época em Lisboa, concretamente na Penha de França, junto a Sapadores, os seus 12 anos foram preenchidos com grande intensidade e ao vivo, com esse fenómeno do Audiovisual, pois as suas deslocações ao estúdio onde eram feitas as emissões da RTP era frequentes, ocupando quase sempre o mesmo espaço numa estrutura metálica que lhe possibilitava, lá do alto, a visão das múltiplas tarefas e o sonho de um dia as concretizar, o que veio a acontecer anos mais tarde na qualidade de Figurante, Locutor, Apresentador, Guionista, Realizador, Produtor e até Actor.
A RTP
De início como figurante espontâneo e numa fase posterior como contratado, cedo deu o seu contributo à RTP, como no “Arraial”, com o fadista Fernando Farinha e no “Romance da Serra” com Alice Amaro e Paulo Alexandre, para além dos programas infantis com as apresentadoras Maria João Metello e Maria Aurora, nos quais fazia a manipulação e vozes de fantoches como, por exemplo, a do “Dói-Dói”, entre outros.
Ainda na RTP entrou, como actor, em algumas peças de teatro infantis, com destaque para “Algodão e Algodinho”, “Senhor Gato” e, como protagonista, em “Vem Aí o Pai Natal”.
A locução off foi outra das actividades que desempenhou na RTP, nomeadamente no “Programa Juvenil”, “Documentários”, “Banda Desenhada”, “Juventude no Mundo”, “Circo na TV”, “Circo de Natal e de Ano Novo de Billy Smart”.
Com a Locutora da casa Maria Fernanda, fez, durante cerca de dois anos as promoções do 1º e 2º canal da RTP, tendo colaborado ainda com os off da série “Ao Som do Automóvel”, assim como duas séries do programa literário “Uma Questão de Palavras” e ainda spots de origem vária.
Em 1981 participou nas emissões a nível nacional nos programas então elaborados para o Censos que foi então realizado tanto a nível da Rádio como da Televisão, sendo ajudado nessa missão por Alice Cruz e Helena Ramos.
Foi autor de “Vem Aí o Pai Natal”, “Nome de Rua” e co-autor de “Há Festa no Jardim” e “O Que É Feito de Si?”.
Na qualidade de Realizador trabalhou directamente para a RTP, tendo realizado em 1977 o videoclip “Uma Estrela É Natal”, tendo na RTP-Madeira realizado e apresentado seis programas, com transmissão simultânea na Rádio e na Televisão madeirense sobre o “I Congresso de Emigrantes Madeirenses”, dois programas sobre o Marítimo e o Nacional (50 minutos cada), assim como um missa em directo realizada nas instalações do canal.
Face à inexistência, à data, da RTP Internacional cabia à Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas a responsabilidade pela feitura e distribuição de documentários sobre Portugal, a sua cultura e o seu povo pela diáspora, ou seja, dirigidos à comunidade de emigrantes portugueses tão desejosa de novidades sobre o estar no Mundo, tanto em França, como na Suíça, Canadá, EUA, Venezuela, África do Sul e demais pontos no Globo.
É aqui que Nunes Forte entra, ou seja, realiza uma série de Documentários, em vídeo, uns em Portugal e outros na Suíça, os quais foram transmitidos via satélite através da RTP-Porto num programa muito apreciado e que dava pelo nome de “Portugal Magazine”, ou difundidos nos países de destino nas respectivas Televisões Públicas, graças a protocolos assinados entre o Estado Português e os respectivos países.
Desde 1997, graças à sua excelente relação com Júlio Isidro, colaborou com ele na RTP em vários programas como, “Jardim das Estrelas” (Produtor), “Estúdio 5” (Realizador de exteriores), “Antenas no Ar”, “Tributo a ......”, assim como programas especiais dedicados a figuras do audiovisual e da cultura como aconteceu com José Carlos Pereira Ary dos Santos e José Maria Viana Dionísio.
Em 2004 esteve envolvido em quatro programas por ocasião do “47º Aniversário da RTP”, em 2005 com a “Gala dos 25 Anos do Instituto Português de Cardiologia” e em 2006 com a “Febre de Sábado/25 Anos” no qual foi o responsável pela selecção e edição de imagens de arquivo.
Desde o aparecimento da RTP Memória é chamado com alguma frequência a participar em programas conduzidos tanto por Júlio Isidro como por Maria João Gama, em entrevistas sobre a sua vida de comunicador ou em programas que enquadram determinada época ou tipo de programa como “As Melodias de Sempre” e outros.
A Videofono
Na qualidade de colaborador da produtora Videofono esteve envolvido em dezenas de trabalhos, cuja lista exaustiva é por nós impossível de enumerar, dando-se apenas uma pálida ideia da sua actividade naquela importante organização, nomeadamente com o Prof. José Hermano Saraiva, os que passaram tanto na RTP 1, RTP 2 e na RTP Internacional, assim como foram motivo, mais tarde, de edição de vídeos para venda ao público, numa primeira fase em VHS e mais tarde em suporte DVD.
Dessa lista de trabalhos destaca-se os programas “Fados Por Alexandra Cruz”, “Gilberto Gil no Campo Pequeno”, “Tony de Matos no Coliseu”, “A Rádio Vai ao Circo Chen”, “Ao Ar Livre” (série infantil), “Miss Turismo no Casino de Vilamoura” com Nicolau Breyner, “Médicos Escritores Portugueses” (12 programas), “O Que É Feito de Si?” (120 programas) e ainda as séries “Realce” (no campo da moda) e “Viver Com Saúde” (dedicada a cuidados médicos).
Realizou para a RTP 1 a peça de teatro “O Gato” e uma série de 24 programas sobre música clássica, com Paula Aresta, designada “Andamentos”, sendo alguns realizados em Madrid e Paris.
“Eram Três Pastorinhos” da autoria do Realizador Ruy Ferrão, um videograma sobre o Milagre de Fátima, com a duração de duas horas, teve a assinatura de Nunes Forte na qualidade de Produtor.
Uma dos trabalhos que mais o marcaram foi a realização de “António Sala - O Comunicador - 40 Anos de Carreira”, programa com a duração de 1 hora e que passou nos canais RTP (1, 2 e Internacional), no qual a carreira do Locutor/Apresentador/Cantor foi totalmente dissecada desde os tempos iniciais, nos Emissores Associados de Lisboa, na Rádio Ribatejo, assim como na tropa, contudo é em 1979 que alcança uma enorme popularidade com o programa radiofónico “Despertar”, na Rádio Renascença, com a Amiga Olga Cardoso. A sua participação no Grupo Vocal MARANATA, saído de um coro de igreja (1971), a Televisão, Teatro, Cinema, Palco, Publicidade, Livros e Viagens são outros aspectos abordados.
Este programa deu origem a um DVD sendo parte da receita obtida com as vendas entregue a favor das crianças do IPO de Lisboa.
Para a RTP realizou uma série de programas sobre figuras do espectáculo e da cultura com destaque para “Hermínia Silva - Actriz e Fadista” (90’), “Henrique Santana - Nome de Cartaz – 1922/1995” (51’), “Cá estão Eles – com Camilo de Oliveira”, “Há Petróleo no Beato – com Raul Solnado”, “Fernando Pessa – O Balanço de Uma Carreira” (54’), Elizabete Matos – Uma Voz de Portugal no Mundo”, “Carmen Dolores – Memória de Uma Actriz” (52’), “Artur Pizarro – Um Percurso Internacional” (52’) e “António Rosado e Pedro Brumester” (57’).
”A Alma e o Sonho” e as séries “Histórias de Portugal” e “História Essencial de Portugal”, com o Prof. José Hermano Saraiva, é o destaque que se impõe face à divulgação, de um modo de comunicação muito próprio, do que aconteceu ao longo dos séculos em Portugal e com os portugueses.
Produções próprias
Dando resposta positiva a encomendas de Câmaras Municipais, Companhias de Navegação e da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, vários foram os institucionais por si produzidos e realizados, assim como o making of, em 2004, para Filipe La Féria, de “A Rainha do Ferro Velho”, e, ainda, para o Teatro Maria Vitória na promoção de “A Revista é Liiiinda“, produzida por Hélder Freire Costa e interpretada por Maria João Abreu e José Raposo.
TVI
Com o aparecimento em 1993 do 2º canal de Televisão privada em Portugal, a TVI, Nunes Forte rumou para essas novas águas consideradas de mudança do Audiovisual português, tendo realizado, então, o espectáculo de abertura das “Festas da Cidade de Lisboa”, no Terreiro do Paço, assim como a “Grande Noite do Fado” em 1993, um directo de 12 horas, com suporte técnico da empresa Duvideo.
Ainda na TVI, foram da sua responsabilidade a “Serenata a Amália”, um directo da casa da fadista, “Circo Chen” em 1993 e 1994, e no “Quem Casa Quer Casa” realizou seis rábulas com o actor Carlos Cunha, a que se juntaram duas transmissões directas das “Cerimónias de Fátima” e, ainda, várias “Missas Dominicais” a partir de múltiplos pontos do País.
No Núcleo de Programas Especiais da TVI foi o responsável pela Produção e Realização de vários programas como “Telemotor”, “Do Fundo do Coração”, “Parabéns, Amália” (um directo da CML) e “Marchas Populares de Lisboa”, aqui na qualidade de Produtor e Apresentador:
A participação na RTI
Foi, em 1978, juntamente com Baptista Rosa, Odette de Saint-Maurice, Afonso Botelho, Aquilino Mendes, Pinheiro de Azevedo (ex-Primeiro Ministro), Tomás Rosa (ex-Presidente da RTP) e Maria Nunes Forte, sua mulher, entre muitos outros, um dos fundadores da RTI (RadioTelevisão Independente), num período em que ninguém falava de Televisão privada em Portugal, sendo esta acção denominada por:
“Um Projecto de T.V.”
De facto, este projecto nunca viu a sua hora de consagração apesar dos fortes pilares em que assentava, contudo, quando a lei passou a permitir a existência de canais privados em Portugal os seus principais mentores já não tinham existência física.
O Apresentador.......Os Espectáculos
A elaboração de uma lista onde constem todos os espectáculos em que Nunes Forte tenha participado na qualidade de Organizador, Apresentador ou Interveniente directo no mesmo, é impossível concretizar, indo ao ponto de ter dúvidas se o próprio, num exercício turbulento de “regresso ao passado”, o consiga concretizar, embora disponha de documentação suculenta sobre o mesmo, ao qual tivemos o privilégio de acesso em sessão especialmente concebida para tal fim.
Contudo, tendo nascido a portas-meias com a super vedeta Beatriz Costa, realizou em 2008, na terra natal desta, com a ajuda da população da Charneca, Venda do Pinheiro, organizou a “Festa da Aldeia Branca” por ocasião do 1º centenário de nascimento da Artista.
Na qualidade de Apresentador/Realizador o Coliseu em Lisboa foi palco para a “Gala da Unicef”, “Alerta Está”, homenagens a José Castelo e Maria Leonor. No Teatro Municipal de S. Luís foi a vez dos espectáculos da Orquestra Ligeira da RDP e os especiais sobre o cantor Max, Vasco de Lima Couto (Poeta, Actor, Encenador, Declamador e Radialista) e do Maestro Tavares Belo.
Protagonizou, também, um espectáculo radiofónico de solidariedade, nunca antes tentado em Portugal, transmitido em directo do Teatro Monumental, num período horário impensável para os mais optimistas, ou seja, das 06H00 às 10H00 da manhã, tendo a lotação sido completamente esgotada. Também no Teatro Monumental, em simultâneo com o estúdio Cottinelli Telmo na Tobis (Lumiar), num directo para a RTP o espectáculo para militares “Alerta Está”.
Fez ao longo de todo o País, em 1977, uma digressão com o espectáculo do belga “Art Sullivan”, actuando em estádios de futebol para 30 a 40 mil admiradores, tendo sido, também, o apresentador de inúmeros espectáculos da Liga de Amigos da Rádio Renascença, das “Galas do Bombeiro de Mérito” para a Liga dos Bombeiros Portugueses.
No espectáculo de 90 minutos “Recordando Hermínia Silva”, com Maria Silva, fez uso de técnicas multimédia num espectáculo cuja finalidade foi a evocação dos 20 anos de morte da fadista e a promoção do DVD de “Os Vídeos RTP”.
Ainda, enquanto Apresentador/Coordenador, há a destacar a “Grande Noite do Fado”, no Coliseu de Lisboa, “Carnaval 97” em Cascais, assim como foi o “Rei do Carnaval de Loures”.
Enquanto Produtor/Realizador/Intérprete a ênfase vai para o espectáculo “Tudo Pode Acontecer”, que ocorreu entre 1973 e 1974 ao longo de todo o País, sendo este feito à base de canções, humor, poesia, folclore, ilusionismo e tudo mais.
Qualificações
No campo da formação profissional e dos estudos oficiais o destaque vai para:
Curso para Produtor na TVI (Coordenação Antena 3 espanhola);
Curso para Realizador de Rádio (Centro de Formação da RDP);
Curso Industrial (Escola Machado de Castro - Lisboa);
1º Ciclo dos Liceus (Colégio Moderno - Lisboa);
Instrução Primária (Escola Primária da Venda do Pinheiro).
Prefácio de um livro necessário
Apreciador nato da fadista Ercília Costa, aquela que pela primeira vez levou o Fado a Hollywood, Nunes Forte deu o seu cunho ao prefácio do livro editado pela Fonte da Palavra “Ercília Costa – Sereia Peregrina do Fado”, cuja autoria se fica a dever a Jorge Trigo.
A criadora daquele que foi um hino à canção nacional, “Fado Lisboa”, Ercília Costa, a “Santa Do Fado”, cantou nos anos 30 em New York, por ocasião da Feira Mundial ali realizada, assim como em Paris, tendo sido a artista convidada na Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa de 23 de Junho a 2 de Dezembro de 1940, na Praça do Império.
Ercília Costa recebeu, a título póstumo, o troféu de Ouro da Santa Casa da Misericórdia da Venda do Pinheiro.
Prémios
Uma carreira de 50 anos feita com a paixão que lhe é tão peculiar só lhe podia trazer muitos amigos, grandes recordações de vitórias e à mistura, aqui e ali, alguns dissabores próprios de uma actividade que pela sua natureza trazem, frequentemente, situações não controláveis.
Com a equipa do programa de Rádio “1-8-0” ganhou o prémio de Imprensa, o “Microfone de Ouro”, na qualidade de Locutor/Realizador do programa “Portugal Sem Fronteiras”, emitido na RDP-Internacional, tendo cabido a responsabilidade da atribuição aos rádio-ouvintes.
No programa Trabalho Sem Fronteiras foi-lhe atribuído o prémio “Programa Mais Humano”.
De igual modo foi agraciado com Diplomas, Medalhas e Tributos da Cruz Vermelha Portuguesa e da Cruz Verde da Santa Casa da Misericórdia da Venda do Pinheiro.
Prémio Art & Tur
Por ocasião do Festival Art & Tur de Barcelos, o qual está vocacionado para filmes e videogramas na área da arte e turismo, Nunes Forte arrecadou, entre mais de 250 produções de 40 países de todo o mundo, o Galo de Ouro para a categoria de “Melhor Documentário”, no ano de 2010, com o trabalho por si realizado, com a duração de cerca de 20 minutos, para a Câmara Municipal de Sintra, com base num guião da sua autoria “Sintra, Capital do Romantismo”, num espectáculo cuja apresentação coube ao seu/nosso Amigo Eládio Clímaco.
A produção executiva deste documentário esteve a cargo da ComSom – Produção de Imagem, Ldª, dirigida por Mário Brito, o qual foi também o responsável pela sonorização.
Homenagens
Os 50 anos de actividade foram homenageados através de um grande espectáculo levado a efeito na Venda do Pinheiro, a 26 de Outubro de 2013, no Salão de Festas da Santa Casa da Misericórdia da Venda do Pinheiro, o qual passou a ser designado por “Auditório Nunes Forte”, revertendo para esta Instituição o dinheiro então angariado com a venda dos bilhetes.
Ao homenageado o Autor deste pequena Biografia deixa aqui expressa a sua gratidão pelo material disponibilizado, assim como a abertura das portas de sua casa donde saquei muito da vivência aqui reproduzida.
A publicação em tempo útil desta Biografia é o nosso tributo à figura de um grande profissional e Amigo.
Notas finais
O biografado é para nós uma referência com o qual partilhamos trabalho e horas de lazer, é viúvo de Maria Nunes Forte, com a qual teve dois filhos, a Ana e o Pedro e agora é avô do Pedro, Bruno e Tiago.
Obrigado, Nunes Forte.
Fontes: Arquivo Nunes Forte, RTP-Memória e Memória do Autor