Nos idos anos 80, do século passado, numa das crónicas semanais que então eram escritas na revista TV Guia, com a designação genérica Segredos da TV, o autor recebeu uma série de cartas, sim porque naquele tempo não havia a Internet, a perguntarem se a televisão digital tinha alguma coisa a ver com o facto de a partir da sua adopção a mudança de canais passar a ser feita nas teclas do telecomando e não mais directamente nos botões rotativos presentes no televisor. Por estranho que hoje pareça este tipo de observação, à data desta ocorrência, fazia algum sentido pois passariam a ser as pontas dos dedos (digitus) a comandar as operações.
Pois, nos dias que correm já toda a gente fala da boa nova que finalmente começa a dar os seus primeiros passos, rumo à tão desejada qualidade suprema, tanto nas imagens digitais como no som, que, para além da característica digital é ainda portador, numa primeira fase do surround 5:1 e mais tarde a versão 7.1.
Mas, será que estamos todos a falar da mesma coisa?
Não haverá várias leituras de uma realidade única no actual panorama do audiovisual português e mundial?
Todas estas dúvidas resultam da nossa experiência acumulada dos últimos tempos, através da qual temos verificado que se confunde Televisão Digital com Alta Definição, Televisão Digital Terrestre com Televisão Digital por Cabo e Televisão Digital por Satélite, formato de imagem 4:3 com 16:9 e 21:9, ecrãs Plasma, LCD, LED e OLED com televisores digitais, receptores HD Ready com receptores Full HD.
Ou seja, é tudo Televisão Digital e, como consequência, Alta Definição, o que de facto não corresponde à verdade.
É nosso propósito apresentar no nosso site, um trabalho de fundo, a desenvolver ao longo do tempo, sobre este tema o qual irá fornecer aos interessados todas as ferramentas que lhes permitam ter uma visão mais adequada aos ventos de mudança tecnológica em curso, nomeadamente no campo da avaliação subjectiva e objectiva da qualidade intrínseca das imagens digitais, porque o que desponta no horizonte a médio prazo passa pela Televisão 4K rumo ao 8K, ainda por cima com a característica 3D.
Como é do conhecimento geral, Portugal adoptou pelo sistema TDT europeu, conhecido internacionalmente pela sigla DVB-T (Digital Video Broadcasting-Terresterial), na versão SFN (Single Frequency Network), ou seja, para a cobertura de todo o território nacional recorre-se, unicamente, a uma frequência na banda do UHF, sendo a emissão do tipo multiplexagem no domínio temporal.
Entende-se por multiplexagem no tempo o recurso a um sistema que permite a partilha da mesma frequência de emissão por vários Operadores, em que cada programa individual vê interrompida a sua emissão por um período de tempo infinitamente pequeno, permitido na sua ausência a inclusão de outros.
Na recepção procede-se à operação inversa e tudo é reposto como se a emissão de cada programa individual fosse feito de um modo continuo.
No caso português vamos ter seis multiplexer’s (MUX), referenciados por letras, de A a F, sendo o MUX A alimentado com os programas da RTP 1, RTP 2, SIC, TVI e pelo possível futuro quinto canal, tendo sido atribuído ao MUX um fluxo binário de 19,9Mbps.
Compreendendo uma emissão de definição normal a um fluxo binário de 2,2Mbps e uma emissão em HD de 10 a 12Mbps, somos levados a fazer uma pergunta, provocação, que é a seguinte:
“Sabia que nas emissões digitais só se pode fazer a recepção em Alta Definição de um dos cinco canais, ou seja, não vai ser possível a simultaneidade de recepção dos cinco canais em HD?”
A resposta será fácil encontrar caso esteja disposto a fazer contas com os valores fornecidos para as taxas binárias que cada canal ocupa.
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